Entenda a importância da alocação internacional no portfólio do investidor brasileiro
16 jul 2025
Fechando a programação do primeiro dia do Avenue Connection, especialistas discutiram um tema que está cada vez mais presente na vida dos investidores brasileiros: a importância da alocação internacional do portfólio.
Com participação de Marcos Lisboa (ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda), Márcio Verri (fundador e CEO da Kinea) e Rodrigo Azevedo (sócio e gestor da estratégia macro da Ibiuna Investimentos), o debate contou com mediação de Daniel Haddad, Chief Investment Officer da Avenue, e trouxe insights valiosos sobre preservação de patrimônio.
Marcos Lisboa abriu a conversa lembrando que o “Brasil do futuro” na verdade já chegou, mas sofre com escolhas que travaram seu crescimento e sua produtividade, especialmente quando decidiu por uma economia fechada nos anos 50 e 60, focada na substituição de importações sem um plano claro para a abertura e inovação.
Segundo ele, a tributação complicada, o intervencionismo estatal e os lobbies acabam freando o crescimento e a competitividade das empresas brasileiras no cenário global.
Embora o país tenha setores de sucesso, a exemplo da ciência da computação, ele sofre com volatilidade econômica alta e baixa produtividade, fatores que tornam a diversificação e o controle de riscos essenciais para quem quer gerenciar melhor seu patrimônio.
Márcio Verri, que trabalha com gestão de recursos internacionais há quase duas décadas, falou sobre um ponto importante: a taxa de juros brasileira, a Selic, historicamente alta, que acaba sendo um obstáculo para o investidor migrar para ativos internacionais.
Além disso, ele lembrou que muitos brasileiros não enxergam seu patrimônio de forma integrada. “Você tem ativos em reais, mas seus gastos futuros, como viagens e estudos no exterior, são em dólar. Aí fica essa exposição cambial desbalanceada.” O conselho dele é simples: “você precisa investir internacionalmente para equilibrar essa conta e proteger seu patrimônio.”
Azevedo lembrou que, por muito tempo, investir no exterior era quase proibido para os brasileiros, o que moldou uma cultura de investimento concentrada no país. Hoje, porém, o cenário mudou: investir internacionalmente está na palma da mão, literalmente, com aplicativos e plataformas digitais que tornam o processo acessível.
O especialista explicou a diferença entre decisões táticas e estruturais de investimento: “Decisão tática é tentar adivinhar o momento certo para comprar ou vender, algo que a maioria não consegue fazer com consistência. A decisão estrutural é definir desde já a parcela do patrimônio que vai para o exterior e construir essa posição devagar, com disciplina.”
Portfólio completo para investir em dólar
Abrir contaUm estudo da FGV mostra que cerca de 16% a 18% da cesta de consumo do brasileiro está exposta ao dólar, direta ou indiretamente, seja por importação, serviços, viagens ou educação.
Isso cria uma necessidade natural de diversificar o patrimônio para neutralizar essa exposição cambial no consumo cotidiano. Ou seja: se seu custo de vida futuro tem uma parcela em moeda estrangeira, faz sentido que seus investimentos também contemplem essa moeda.
Na reta final do painel, Azevedo destacou seu otimismo moderado com o mundo: “O Brasil enfrenta desafios sérios, como envelhecimento da população e decisões econômicas questionáveis, o que preocupa para o futuro dos nossos filhos.”
Mas ele lembra que o mundo é muito maior que os Estados Unidos, apesar do protagonismo deles: “Temos a Europa, a China, diversos mercados emergentes com oportunidades importantes. A diversificação internacional deve levar em conta esse universo.”
Já Verri reforçou que a exposição internacional de capital abre portas para setores e mercados que o Brasil não oferece, incluindo outras opções de renda fixa e liquidez maior. “Mesmo com a Selic alta aqui, a renda fixa no exterior voltou a pagar prêmios interessantes, o que é ótimo para investidores conservadores que têm medo da volatilidade da bolsa.”
O painel do Avenue Connection reforçou que a diversificação internacional não é mais uma opção exclusiva para grandes investidores. Com o avanço tecnológico e o aumento da oferta de produtos financeiros globais, cada vez mais pessoas têm acesso a uma carteira que resguarda seu patrimônio dos riscos locais e abre portas para oportunidades pelo mundo.
A alta volatilidade da economia brasileira, a complexidade tributária e a taxa Selic historicamente alta são razões para ter uma parcela do portfólio fora do país.
Como resumiu Rodrigo, “a diversificação internacional é o seguro que seu patrimônio precisa para enfrentar os choques futuros do Brasil e buscar crescimento no longo prazo.”
E Verri complementa: “Pense no seu patrimônio como uma empresa. Você não faria só um tipo de investimento ou só um produto. Então, por que manter tudo concentrado no Brasil?”, concluiu.
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O investimento internacional envolve riscos especiais, incluindo flutuações cambiais, diferentes padrões de contabilidade financeira e possível volatilidade política e econômica.