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A experiência de investir: Meu exercício anual de futurologia

Por Fernanda Melo, Especialista de produtos de investimentos no Itaú Unibanco.

06 nov 2025

Se você já investe há alguns anos, talvez tenha a sensação de que plataformas e produtos evoluíram muito. Realmente. O pregão por voz não existe mais, temos aplicativos de investimentos, acompanhamos especialistas em lives.

Mas hoje te convido a pensar no seu ritual de como investir:

Você provavelmente escuta um morning call, estuda a conjuntura econômica, compara ativos, lê recomendações, envia uma ordem, confirma, acompanha, rebalanceia a carteira de tempos em tempos.

Apesar do avanço do formato, a sua rotina não mudou tanto.

Todos os anos eu gosto de fazer um exercício de futurologia. Esse ano, me pego pensando que a próxima grande evolução dos investimentos. Meu palpite é de que não será um novo produto, ou uma plataforma mais rápida ou uma carteira. A disrupção virá no ritual que temos ao investir.

E, curiosamente, ela não será marcada pela tecnologia aparecendo, mas sim desaparecendo. Melhor dizendo: se tornando imperceptível.

Quando esse futuro chegar, investir será tão natural que quase passará despercebido. Não porque deixaremos de fazer escolhas, mas porque a tecnologia fará o trabalho duro nos bastidores, permitindo que o investidor concentre energia onde realmente importa: decisões de vida.

Durante muito tempo, o mercado financeiro se orgulhou de criar plataformas completas com cada vez mais ferramentas, abas e funcionalidades. Mas o excesso, em algum momento, virou barreira. A maior parte das pessoas não quer navegar em cinco telas para saber se está no caminho certo. Elas querem clareza.

Fernanda Melo

Especialista de produtos de investimentos no Itaú Unibanco

Mais do que mostrar saldos, esse painel ofereceria respostas estratégicas:

Investir deixa de ser um ato isolado e passa a integrar um projeto de vida: como deveria ter sido desde o princípio.

A carteira que protege você… de você mesmo

Hoje, o famoso “perfil de investidor” é um questionário que tenta medir sua tolerância ao risco, mas sabemos que, na prática, o comportamento real aparece quando o mercado cai. É ali que muitos vendem no pânico, compram na euforia ou concentram riscos por impulso.

A próxima evolução não será sobre oferecer produtos diferentes, e sim sobre compreender o investidor em profundidade. A IA analisará padrões emocionais, vieses cognitivos, gatilhos de comportamento e histórico de decisões.

Em vez de perguntar “se o mercado cair 20%, o que você faria?”, o sistema já saberá a resposta porque terá aprendido observando você.

Isso permitirá construir carteiras que protegem o investidor dele mesmo, com alertas éticos e educação embutida:

“Você está prestes a realizar prejuízo por pânico. Historicamente, seu perfil se arrepende dessas decisões. Recomendo aguardar 48 horas.”

Investir no exterior ainda é visto como um passo “avançado” no Brasil, um selo de maturidade financeira.

Mas, no futuro próximo, não investir globalmente será como guardar dinheiro na poupança: confortável, familiar… e limitador.

O investidor escolherá temas globais, e a tecnologia cuidará da engenharia por trás. Isso devolve ao investidor o que sempre deveria ter sido dele: a escolha do destino, não do meio de transporte.

O investimento sempre teve uma dimensão social. Começou na mesa do clube, migrou para fóruns e redes sociais, e como tudo que passa por revoluções digitais, acabou enfrentando exageros, ruídos e manipulação.

Planejar aposentadoria sempre foi responder à pergunta: “quanto eu preciso acumular?”.

No futuro, a pergunta muda: “por quantos anos de vida tranquila eu já garanti?”

Benefícios financeiros, saúde, seguros, renda futura e bem-estar serão integrados em um modelo de “longevidade as a service”. É uma visão mais humana, que coloca o foco na vida que queremos viver, e não apenas no patrimônio que queremos acumular.

O que realmente muda? Quase tudo, exceto os fundamentos

A tecnologia vai se tornar invisível. O investidor não vai “usar home broker”. Vai dialogar com um assistente inteligente, que executará, explicará e ajustará.

Apesar de toda modernização, os fundamentos não mudam: disciplina, visão de longo prazo, diversificação, prudência e educação.

Mas esse é só meu exercício de futurologia, agora que o fim do ano se aproxima e estamos mais reflexivos.

Fernanda Peres de Melo, CFP®

Economista com uma carreira construída na interseção entre investimentos e comunicação. Buscando traduzir a complexidade financeira para o dia a dia das pessoas, Fernanda carrega mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro, e atualmente ocupa a posição de especialista de produtos de investimentos no Itaú Unibanco.

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