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Oaktree Insights #3 – Crédito Global: um porto seguro em tempos de incerteza

Por Rodrigo Aloi, Head de Strategy and Research na HMC Capital

04 nov 2025

A Oaktree Capital – gestora fundada pelo lendário Howard Marks e uma das casas de crédito mais tradicionais e respeitadas do mundo – compartilhou recentemente sua leitura sobre o cenário global e o panorama atual da classe de crédito.

Na publicação deste mês, resolvi destacar essa visão porque, mais uma vez, a Oaktree conseguiu sintetizar de forma excepcionalmente clara o momento do mercado: um ambiente em que o crédito oferece uma combinação rara de rendimento elevado e resiliência, equilibrando bem os aspectos defensivos da classe sem comprometer o potencial de retorno.

Recap deste mês

O mês de outubro começou com mais um teste de nervos para os mercados. Após um breve rali no início do mês, o S&P 500 recuou 2,7% quando o presidente Trump reacendeu as tensões comerciais com a China, reacendendo lembranças de 2018. A rápida moderação dos discursos ajudou a limitar as perdas, mas deixou um lembrete claro: volatilidade e política continuarão andando lado a lado.

Enquanto isso, o crédito global manteve-se notavelmente resiliente. As classes de ativos de menor qualidade sofreram ajustes pontuais, mas sem rupturas significativas. E, em contraste com a oscilação das bolsas, o investidor de crédito voltou a ver um cenário familiar – yields elevados, fundamentos sólidos e a chance de gerar retornos atrativos sem precisar depender da direção dos mercados de risco.

O contexto macro: desaceleração controlada

Os juros nos Estados Unidos voltaram a cair em outubro, impulsionados por temores ligados às tarifas, à paralisação do governo e à expectativa de que o Federal Reserve ainda corte as taxas mais duas vezes até o fim do ano.

Apesar disso, a economia americana segue desafiando os pessimistas. O GDPNow do Fed de Atlanta projeta crescimento de 3,8% no terceiro trimestre – número que reforça a ideia de uma desaceleração, não recessão. O Beige Book do próprio Fed mostra um quadro misto: consumo e serviços ainda fortes, mas manufatura e comércio exterior sentindo o peso das tarifas.

Na Europa, a inflação segue próxima da meta do BCE e o crescimento voltou a 0,4% no trimestre, sustentando o otimismo com uma recuperação gradual. O quadro geral segue de crescimento moderado, mas positivo, e juros que começam a ceder – um ambiente tipicamente favorável para estratégias de crédito de menor duração.

Crédito Global: disciplina e seletividade

Para a Oaktree, este é um momento que exige disciplina e seletividade. O foco principal deve estar em preservar o carrego – ou seja, capturar a renda contratual oferecida pelos títulos – evitando riscos desnecessários.

A gestora continua a enxergar valor em diferentes segmentos do crédito, mas com abordagens distintas. No crédito corporativo, a atenção está em emissores de qualidade, com balanços saudáveis e fundamentos sólidos. Já no crédito estruturado, a visão é de que ainda há boas oportunidades em ativos lastreados em dívidas diversificadas, especialmente aqueles com garantias e boa cobertura de fluxo de caixa.

O crédito imobiliário também merece destaque: após um período de ajuste, o mercado mostra sinais de estabilização, com preços mais equilibrados e retornos interessantes para quem busca proteção real em ativos tangíveis.

Por fim, os títulos conversíveis permanecem atrativos pela combinação de renda e potencial de valorização em setores estruturais – como tecnologia, defesa e saúde -, sem exigir uma aposta direta em bolsa.

Em resumo, a Oaktree enxerga um ambiente em que a diversificação dentro do próprio crédito é a melhor forma de equilibrar risco e retorno: diferentes segmentos, prazos e geografias trabalhando em conjunto para oferecer previsibilidade e resiliência.

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A força dos fundamentos

Mesmo após anos de valorização, os fundamentos do mercado de crédito seguem sólidos.

Nos Estados Unidos, a taxa de inadimplência em high yield caiu para 1,39%, uma das menores desde a pandemia. No mercado de loans, a taxa está em 3,5% – estável e concentrada em setores específicos. A qualidade média dos emissores segue robusta, e a liquidez do mercado continua elevada, com forte demanda de investidores e CLOs.

Na Europa, o crédito high yield também se mantém bem ancorado. Yields ao redor de 7,6% em dólares oferecem carrego atraente, enquanto a inflação moderada e o crescimento estável reforçam o pano de fundo. O crédito europeu ainda serve como uma fonte de diversificação, com spreads um pouco mais generosos e estruturas contratuais mais protetoras.

O que vem pela frente

O pano de fundo atual – juros altos, spreads controlados e fundamentos saudáveis – continua sustentando a tese de que o crédito é um dos raros espaços onde ainda é possível conciliar retorno atrativo e previsibilidade.

Para a Oaktree, a prioridade permanece clara: ganhar renda contratual, preservar capital e evitar os créditos frágeis que podem comprometer retornos futuros. Em um ambiente em que política monetária, tarifas e política global podem gerar ruídos, o crédito – sobretudo o de menor duração – segue como uma das poucas formas de navegar com estabilidade.

Conclusão

O crédito global talvez não seja mais a barganha que foi em 2023, mas continua sendo uma das classes mais equilibradas e recompensadoras do mercado atual.

Com yields próximos das máximas da década e inadimplência nas mínimas, o investidor que busca rendimento sem abrir mão da prudência encontra aqui um ponto de ancoragem. Em tempos de ruído e volatilidade, o crédito pode não roubar os holofotes – mas é justamente isso que o torna tão valioso.

Rodrigo Aloi

Head de Strategy and Research na HMC Capital

Rodrigo Aloi é formado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e possui certificação CFA, um dos mais prestigiados títulos na área de finanças. Rodrigo conta com mais de quatro anos de experiência na área macroeconômica da Claritas Investimentos. Atualmente, é Head de Strategy and Research na HMC Capital, liderando o time responsável pela diligência e relacionamento com gestores parceiros com foco nos nomes internacionais. Como especialista em produtos, Rodrigo trabalha no desenvolvimento de parcerias estratégicas de investimento para intensificarmos soluções aos investidores brasileiros.

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