Por Bernardo Caram, Agência Reuters
31 jul 2025
BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central decidiu nesta quarta-feira interromper o ciclo de alta nos juros básicos ao manter a Selic em 15% ao ano e ressaltou que antecipa uma manutenção da taxa por período bastante prolongado, também pregando cautela diante de incertezas geradas pela tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros.
Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC informou que a decisão, tomada por unanimidade de sua diretoria, tem o objetivo de examinar os impactos acumulados do ajuste já feito e então avaliar se o nível dos juros, “considerando a sua manutenção por período bastante prolongado”, é suficiente para que a inflação convirja para a meta.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, disse a autarquia no comunicado.
Para justificar a necessidade de juros nesse patamar por período bastante prolongado, o BC citou expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
O Copom também reforçou mensagem já apresentada em junho de que acompanha como a política fiscal impacta a política monetária e os ativos financeiros.
TARIFAS
No documento, o BC avaliou que o ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que impacta o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos, afetando as condições financeiras globais.
“O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, afirmou o Copom no comunicado, divulgado poucas horas após o presidente dos EUA, Donald Trump, elevar a 50% a tarifa de importação sobre boa parte dos produtos comprados do Brasil.
Com a decisão desta quarta, o BC interrompe o ciclo de alta nos juros após sete elevações consecutivas que levaram a Selic ao patamar mais alto em 20 anos.
A decisão veio em linha com a expectativa de mercado captada em pesquisa da Reuters, na qual todos os 30 economistas entrevistados de 21 a 25 de julho projetavam que o BC manteria a Selic em 15% neste mês.
No comunicado, a autarquia disse que indicadores de atividade econômica doméstica têm apresentado certa moderação no crescimento, como esperado, mas ainda com mercado de trabalho dinâmico.
Nesta quarta, o BC manteve sua projeção de inflação para este ano em relação a junho, em 4,9%, considerando o cenário de referência, que segue projeções de mercado para os juros. Para o fechamento de 2026 a projeção foi mantida em 3,6%. Já no primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante da política monetária, a previsão ficou em 3,4%.
Para fazer as projeções do cenário de referência divulgadas nesta quarta, o Copom considerou uma taxa de câmbio que parte de R$5,55, abaixo dos R$5,60 usados na reunião de junho.
As expectativas de mercado para os preços seguem desancoradas, apesar de ligeira melhora recente. A previsão para o IPCA de 2025 no boletim Focus caiu de 5,25% antes do encontro do Copom em junho para 5,09% nesta semana. Para 2026, as expectativas baixaram de 4,50% para 4,44% –o dado ficou inalterado em 4,00% para 2027.
O centro da meta contínua para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
No comunicado, a autoridade monetária não alterou seu balanço de riscos para a trajetória da inflação, apontando que tanto os riscos de alta quanto os de baixa seguem mais elevados do que o usual.
Desde que indicou em junho que interromperia neste mês o ciclo de aperto monetário, a diretoria do BC vem enfatizando a comunicação oficial do órgão de que está comprometida com a busca da meta de inflação e que o objetivo será alcançado por meio da manutenção da Selic em 15% por período bastante prolongado.
DISCLAIMER
Avenue Securities Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. (“Avenue Securities DTVM”) é uma distribuidora de valores mobiliários brasileira devidamente autorizada pelo Banco Central do Brasil (“BCB”) e pela Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) Os saldos disponíveis em Reais são mantidos na Avenue Securities DTVM Ltda., uma instituição financeira regulada. Os fundos detidos pela Avenue Securities DTVM não são cobertos pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Veja todos os avisos importantes em: https://avenue.us/termos/