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Editorias
Por William Castro Alves, Estrategista-chefe da Avenue
13 out 2025
O shutdown do governo americano está na segunda semana sem sinais claros de resolução, com democratas e republicanos mantendo posições divergentes sobre o orçamento federal. A paralisação, que começou em 1º de outubro, já afasta mais de 750 mil funcionários federais e suspendeu serviços não essenciais.
Apesar de alguns senadores de ambos os partidos terem chamado as negociações preliminares de “discussão produtiva”, nenhum acordo foi alcançado.
Fonte: Monitor do Mercado, 03/out/2025
Como comentado no Avenue Weekly da semana passada, historicamente, o impacto sobre o PIB e a atividade econômica tende a ser limitado, já que os shutdowns costumam ter uma duração relativamente curta.
Porém, um dos pontos de destaque negativo para tal evento, seria a pausa na divulgação de dados econômicos. E isso já ocorreu. A ausência de relatórios oficiais criou um “vácuo de dados” que pode dificultar decisões do Federal Reserve e dos investidores. O relatório de empregos (Payroll) de setembro, originalmente programado para 3 de outubro, foi adiado indefinidamente. Há preocupações de que isso também afete os dados de inflação (CPI e PPI) e vendas no varejo programados para esta semana.
Retomando a rotina de acompanhamento dos principais indicadores econômicos que impactaram os mercados, vamos à agenda da semana passada.
Nos Estados Unidos, ainda sob o impacto do shutdown e da ausência de alguns relatórios oficiais, os investidores buscaram pistas alternativas sobre o ritmo da economia.
A leitura do sentimento do consumidor da Universidade de Michigan mostrou leve melhora, indicando um consumidor mais confiante apesar das incertezas políticas. Seu Índice registrou 55,0 neste mês, em comparação com a leitura final de 55,1 em setembro. Economistas consultados pela Reuters previam uma leve queda para 54,2.
Fonte: Reuters, 10/out/2025
Por fim, a divulgação das atas da reunião de setembro do FOMC confirmou o tom mais dovish do banco central. O documento trouxe que “quase todos os participantes” reconheceram a prontidão do Fed para responder rapidamente aos desenvolvimentos econômicos com ajustes na taxa de juros.
Principais pontos das atas:
Em falas de membros do Fed, também ficou claro que futuras decisões de política monetária dependerão fortemente dos dados que ainda estão pendentes devido à paralisação do governo. No mercado futuro, via FedWatch Tool, as apostas seguem majoritariamente em novos cortes de juros até o fim do ano.
IMPACTOS NO MERCADO
O mercado de ações dos EUA encerrou a semana com ganhos moderados, sustentados pelo setor de tecnologia, que segue beneficiado pela euforia com inteligência artificial e expectativas de flexibilização monetária.
A sexta-feira, 10 de outubro, porém, ficará marcada como um dos pregões mais voláteis dos mercados americanos em 2025. O que começou como uma manhã promissora, com o Nasdaq atingindo nova máxima histórica intradiária, rapidamente se transformou em uma queda forte após um único post do presidente Trump em sua rede social. O S&P 500 e o Nasdaq registraram suas maiores quedas percentuais em um único dia desde 10 de abril. Para o Dow Jones, foi a pior sessão desde junho.
Pela manhã, Trump publicou um post que eliminou cerca de US$ 2 trilhões do valor de mercado das ações americanas: “Uma das políticas que estamos considerando neste momento é um aumento massivo de tarifas sobre produtos chineses entrando nos Estados Unidos da América”.
Depois, anunciou:
Essa escalada teve motivo, foi “provocada” pela China, que anunciou novos controles de exportação sobre elementos de terras raras – materiais essenciais para tecnologia, defesa e energia renovável. A China controla aproximadamente 70% da oferta mundial desses minerais críticos.
Fonte: BBC, 11/out/2025
O mercado de renda fixa se beneficiou do movimento clássico de flight to quality. com o título de 10 anos voltando a se aproximar da faixa de 4,25%. Sobre o dólar, sem grandes variações frente às principais moedas, enquanto o petróleo subiu levemente após cortes de produção de países da OPEP+, ainda volátil diante das tensões geopolíticas.
O ouro protagonizou um dos maiores movimentos da semana, ultrapassando pela primeira vez na história a marca de US$ 4 mil por onça troy. Tal movimento se deu por alguns motivos, sendo dois dos principais: o aumento de demanda por ativos seguros em meio às incertezas geopolíticas e do shutdown; e compras contínuas de bancos centrais, especialmente asiáticos.
Agenda
Hoje, segunda-feira, é feriado de Columbus Day. Os mercados operam com funcionamento parcial:
A agenda desta semana será dominada pela divulgação de dados de inflação. Entre os principais destaques:
Lembramos que ambos os dados estão sujeitos ao shutdown do governo, podendo ou não ser divulgados.
Abaixo, a agenda completa de eventos econômicos previstos para os próximos dias.
Ainda há expectativa sobre a reabertura total das agências federais, o que deve normalizar a coleta de dados econômicos e reduzir a incerteza dos investidores. Enquanto isso, os mercados caminham com cautela – com um foco cada vez mais voltado à inflação e às próximas decisões do Fed.
E para esta semana, teremos as divulgações dos seguintes resultados:
A temporada começa esta semana
A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2025 inicia oficialmente nesta semana, com os grandes bancos americanos liderando os anúncios. JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Citigroup e Wells Fargo estão programados para divulgar seus números nos próximos dias, estabelecendo o tom para o que pode ser o nono trimestre consecutivo de crescimento de lucros para o S&P 500 (de acordo com projeções da Factset).
O consenso aponta para um crescimento de 8,0% ano a ano nos lucros do S&P 500 no terceiro trimestre. Se confirmado, este será o nono trimestre consecutivo de expansão dos lucros, consolidando uma das sequências mais longas de crescimento da década.
Em relação ao guidance das companhias, o cenário mostra um equilíbrio, sugerindo que as empresas estão divididas sobre as perspectivas de curto prazo, refletindo incertezas sobre inflação, política monetária e tensões comerciais.
Headwinds macroeconômicos importantes a serem observados nos resultados:
Acompanhe a cobertura completa dos resultados na página: Resultados Corporativos Archives – Avenue Connection.
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Aquele abraço!
William Castro Alves
Estrategista-chefe da Avenue Securities
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Estrategista-Chefe da Avenue
